13.10 - sobre escrever

Não faz sentido escrever num diário esperando que seja publicado como não faz sentido escrever um monólogo para duas pessoas. Talvez seja só a impressão de alguém distante do mundo das letras - eu assumo minhas limitações intelectuais - mas não me parece sensato conduzir a escrita pelo campo do propósito comercial. Ok, talvez eu seja um romântico nietzscheano escrevendo para não morrer como parte de uma proposta terapêutica auto imposta, mas prefiro pensar nas minhas palavras como uma extensão de mim, um pedaço que sirvo ou não ao mundo. Em filosofia da mente entendemos que mente é tudo aquilo que deriva do indivíduo, não estando limitada a seu interior, mas a tudo que ele expressa e que faz parte da sua organização. Seu quarto é mente, sua casa é mente, suas roupas são mente, a ordem dos seus livros na prateleira é mente, a ordem com que coloca os temperos na sua sopa é mente. Ou seja, escrita é mente, e como é mente não faz sentido que não se organize em torno de si e sim de um objetivo nada pessoal. É, eu sou romântico e positivista, e talvez eu prefira que seja assim. Eu escrevo para mim, por mim, e se chegou até você e falou com sua história foi por puro produto do acaso. Ou do algoritmo do google, mas essa é outra discussão.  

O preço do íntimo quando exposto é o peso da própria alma.

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