um pequeno diário de quarentena #3 ou sobre como é preciso saber tropeçar

 

A vida é um oxímoro e eu não faço muita ideia do que seja isso. Cresci ouvindo que era inadequado, desastrado, incapaz. Talvez por isso ter trocado uma porta tenha sido a melhor coisa que senti em oito meses. É que me senti capaz do básico, de me virar sozinho, e cada mínimo vislumbre disso me faz querer estar vivo por mais um dia. E todos os dias eu vou me convencendo disso. Um esforço hercúleo? Talvez, mas nada que é necessário é fácil e como Sísifo, empurro a pedra ladeira acima, ainda que ela role para baixo logo em seguida. Dizia Camus, é preciso imaginar Sísifo feliz e por isso eu tento ainda que viva quebrando copos e pratos, ainda que seja um homem grande e gordo de mãos pequenas, ainda que eu não seja tão assertivo ou predisposto ao romance. É isso o que eu posso dar e oferecer e no momento tem que ser suficiente. Afinal, não tem mais nada. Nem tinha como ter. E é só.

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