de quando havia algum tempo
A hora do café era sagrada. Joana acordava religiosamente as 5 da manhã para preparar os pães de queijo, Pedro vinha logo depois para coar o líquido preto que os despertaria. Jenny gostava com leite, Pietro com creme e Lorena gostava de colocar palitos de canela. O vovô era sempre o último a acordar, com o pretexto de que trabalhou muito a vida toda e que agora se permitia um vagabundo. Eu e meu marido sentíamos o cheiro e ouvíamos as conversas deles todas as manhãs, e nas datas especiais saltávamos para o outro lado da cerca e faziamos juntos todas as refeições, o que nos dias de hoje não é nada comum. O vovô me dizia, "- Lourdes, você deveria escrever. Fala tão bem que merece ter as ideias registradas", logo depois sorria e dizia a meu marido "- Tomé, a Lourdes está tão magrinha, precisa trabalhar mais para engordar sua família", caindo em gargalhadas a seguir. Aqueles tempos tão simples fazem parecer que já nem estamos na mesma rua, que agora tem postes elétricos, carroças motorizadas e crianças mal educadas em calças azuis.
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