esse texto triste é também a felicidade

O tempo carrega em si a noção de passagem, assim tratamos a vida como períodos de obrigação dividida. Primeiro se brinca e aprende, depois trabalha e reproduz, por fim tenta descansar aguardando a morte. De certa forma, todos dividem os pesos desses períodos, ainda que calados e distantes, sofremos sozinhos em um imenso vale chamado humanidade. Vemos as pessoas que amamos criando rugas, os sonhos frustrados ficando longe no passado e os sonhos futuros minguando na medida em que os anos passam e o cansaço aumenta. Viver é frágil, violento, sem sentido e caro. Somos mal pagos financeiro e emocionalmente. Ainda assim, existem detalhes tão saborosos que fazem com que o esforço se justifique. Coisas tão pequenas, mas tão significantes que alimentam década após década a ilusão ou esperança de felicidade. Pequenos contentamentos que são a própria felicidade, mas que passam despercebidos devido à esperança de que fossem ou sejam maiores. No fim das contas, aquele sorriso de canto após o sorvete era a felicidade, bem me ensinou Virginia Woolf. O carinho no cachorro é a felicidade. O abraço amigo é a felicidade. A paz momentânea é a felicidade. E apesar de insignificante, é maior e melhor que qualquer expectativa ou promessa vazia. Mas a gente escolhe mal, e quase sempre a gente escolhe por fé. 

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