sobre a soberania de si


passei anos da minha vida acreditando ser estranho, maluco, esquisito, inadequado, e isso tudo por ter crescido num ambiente majoritariamente rural, tradicionalista cristão e pouco escolarizado onde não existe diversidade e o menor dos passos fora da curva mediana te transformam no próprio satanás. verdade é que sou introspectivo, discreto, autocentrado e reservado, o que faz com que dificilmente saibam algo real sobre mim, minhas opiniões, posicionamento político, sexualidade, crença e mesmo detalhes da minha história. de certo modo isso estimula a fabulação, o que faz com que mesmo uma pessoa que em qualquer cidade grande se misture na multidão pareça o tipo mais esquisito no interior, onde manter uma barba já pode ser o suficiente para te considerarem mau encarado. demorei mas aprendi que os consensos sobre mim dizem mais do lugar onde nasci e onde vivo atualmente do que propriamente sobre mim. e que ceder aos desejos e caprichos alheios sobre quem você é não tem nada a ver com adaptação e sim com se abster da própria liberdade. o conforto do "eu" se faz mais importante.

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