vida de cão e todas as canções tristes que passam por mim

minha cachorra é companheira de tristezas, de cor marrom, também inocência. e mesmo com meus olhos marejados, e não se importando que nos meus fones de ouvido quem reina é nick cave & the bad seeds, ela se deita ao meu lado e encosta a cabeça em minha mão, como se pedisse um carinho despropositado - como todo carinho deveria ser. e ela não precisa saber que eu só pensava em morrer na primeira vez que vivi em berilo, ou que montes claros foi a válvula de escape para o meu desespero e também a esperança de coisas que nem vivi, ou que talvez eu nunca aprenda a ser feliz. ela não cobra a comanda. se levanta e corre para latir os transeuntes, dona da rua, depois volta e se deita tão naturalmente que até me convence a levantar da cama e jogar a bola, longe, só para vê-la correr, indo e voltando, também despropositada. é como se minha tristeza nem importasse, como se essas coisas, efêmeras, importantes, não tardassem a passar.

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