uma egrégora de fracasos
Seu gosto amargo temperava a vida. E seu corpo, ácido, áspero, raspava do meu toda a pele morta. O amor, então, parecia renascer alguma coisa em meu interior. Foi quando comecei a falar de pássaros, nuvens, de pele, a te mandar versinhos e fazer planos a dois, ainda que não externasse nenhum deles. De alguma forma eu sinto vergonha daquele período, de ser meio bobinho, ingênuo e impressionável. Sei lá, não combina com o personagem que tento criar para mim. Não combina com os remédios, a necessidade de espaços silenciosos e a tristeza cotidiana. Talvez por isso você foi embora, por isso todas vão. Algumas até voltam depois, mas o quarto continua vazio ainda que o coração não, ainda que muitas vezes ele nem esteja ali, nem como metáfora besta para estar apaixonado e depois não.
O corpo é só uma prisão e a consciência é quem importa, foi o que eu disse na última sessão.
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