07:48
Apanhei na escola mas fiquei calado, precisava fingir que era forte. Sempre que chorava era um cisco no olho, conjuntivite repentina ou um inseto inconveniente que me acertava. Metade das minhas cicatrizes foi por não ter chorado na hora em que devia; a outra metade é por ter chorado por prestar atenção nos mínimos detalhes. Nos ruídos, na textura das peles, no cheiro do sangue, nos sonhos compartilhados e na tentativa falha de ser um outro. Eu sempre teimei em fracassar do meu jeito, e foi tão constante que hoje até gosto dessa tristeza, desse desprezo raivoso por tudo que é sagrado e tradicional, desse humor soberbo que julga tudo e olha de soslaio. Eu sou um esqueleto quebrado que ri. Eu perco o sono mas eu sei sorrir como nunca antes na minha história.
Comentários
Postar um comentário