sobre as lágrimas

                                                              

Das inúmeras discussões inúteis durante a faculdade uma sempre me chamou a atenção. De um lado estavam os que diziam que chorar era bom pois expurgava o sofrimento, do outro lado os que diziam que o choro era uma resposta incondicionada que indicava apenas sofrimento. Ambos os lados tinham razão, mas tanto tinham razão quanto estavam enganados. Nem todo choro é de tristeza, há os que choram de alegria, surpresa ou até mesmo por rirem demais. Nesse sentido sempre fui meio budista e busquei o caminho do meio. Quando chorava por manha ouvia uma mãe entusiasmada dizendo, “engole esse choro e volte para casa”. Quando chorava de tristeza era quase sempre sozinho, já que quase sempre era refém dessa crença idiota de que homens não deveriam chorar, quando a verdade é que todo mundo chora. A verdade é que nem sempre o choro tem lágrimas, soluços, palpitações, as vezes o choro é somente verso e ao interlocutor resta somente a suposição. Já contei mil histórias tristes sem esboçar uma emoção sequer e já lembrei de simples xícaras de café com amigos que me derramaram lágrimas. E isso é a vida, essa coisa aleatória que acontece, esse estímulo incondicionado e esse expurgo emocional. A vida só acontece, as vezes em lágrimas, se triste ou alegre o que determina é quase sempre a circunstância. Quase sempre é somente ela. Quem mais haveria de ser?



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