de dentro de casa a rua é quem me chama
Não existe tempo para se reinventar, principalmente em meio ao caos. A reinvenção exige liberdade e calmaria, então a morte e o congestionamento do sistema de saúde pública não são sinais de uma nova era ou de momentos propícios para reflexão e mudança, não, tudo que esse momento nos trouxe foram pessoas morrendo. A peste é implacável. Não, não existe misticismo algum em perder as pessoas que ama ou viver com medo da morte sempre que seu pé escorrega para fora do chinelo quando sai de casa. A vida para, e quando a vida para ninguém reflete, cresce, fica espiritualmente mais profundo. Você só para, e sem movimento você sofre. E não, ninguém sabe se vai piorar ou se os dias vão ser melhores. Nesse momento não sabemos nada além da necessidade de ficar em casa. Nós só podemos ficar em casa, ainda que o desejo seja correr. Nos resta ficar em casa lidando com a peste no mundo e pior, a peste dentro de nós mesmos. Sem justificação. Nenhum de nós é profundo.

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