a planta seca que a água faz feliz

Sempre que chove o meu peito é enchente. E sempre que um vento frio assola e as cobertas se tornam refúgio, me sinto criança feliz. Seguro, quente, terno, todas essas coisas que a vida tornou tão raras por tanto e tanto tempo. Meu passatempo são os dias cinzentos. E minha fé irônica tem seu toten em um deus-nuvem, de onde sempre cai água. Então sou como planta seca que a chuva faz verde. Talvez céu sem tormenta. Ou um simples sapo calado escondido num lago que de vez em quando dá seus saltos e começa a coaxar. É que sempre que chove eu me disponho a viver. Então há de chover. E eu vou coaxar, pular e depois ficar nas cobertas.

Esse é um mundo seguro.