culto ao incerto
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| Edward Hopper, Universalist Church, 1926. |
Sempre que chove em berilo eu penso no coitado do bode que serviu de sacrifício. Tem meses em que um bode só não basta. Sacríficio humano? nunca, deus algum gosta de carne ruim. E cá entre nós, eu não seria um bom lanche, sabe? Tenho essa coisa meio pseudomística de não acreditar em porcaria nenhuma, mesmo assim ver rituais em absolutamente tudo. Nessa coisa de romance, o flerte, coar um café para tomar enquanto estuda, farra de bêbados, se masturbar antes de encontrar a namorada para que não ejacule durante os amassos mais quentes, atravessar a rua para fugir de um desafeto, escrever cartas de amor - esse já morreu; desenhar caralhinhos voadores nas paredes - desse eu sou suspeito; tomar um trago de conhaque antes de admitir a si mesmo alguma atitude idiota, qualquer coisa que aparentemente não tenha uma descrição ou relação empírica. Aparentemente. Sabe, o melhor de tudo é que, entediado e dedicado, todo bom observador encontra alguma. E encontra motivo, atribui valor simbólico ou categórico a qualquer porcaria que aconteça de positivo no dia. As coisas mínimas. Falso alarme de chuva, café amargo, discutir sobre as cores, felicidade. Independe o sacrifício, tudo é incerto.

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