sobre a repentina e desesperadora vontade de não-ser e não-estar e nem-seja-lá-o-quê
Não sei quanto irei durar, e quando me pego assim, falando feito velho decrépito, até parece que tenho numa mão uma arma apontada para o lobo frontal e na outra uma bíblia rabiscada com pedidos de desculpas. Não tenho e nem terei. Diferente das outras vezes em que desejei sumir, dessa vez eu não quero morrer, quero somente sentir outra coisa que não o desespero e vazio que sinto agora. Como se o buraco em meu peito ecoasse as canções mais tristes nunca compostas; como se as borboletas em meu estômago vivessem a regurgitar pedaços umas das outras. Não sei se tenho futuro ou se essa tristeza tem volta. Não sei. Mas ao mesmo tempo sinto essa certeza de querer sentir outra coisa que não a vontade de ir embora para um lugar que não nasceu. Um não-lugar ou não-existir, como diria a prepotência psicanalítica do meu extinto alter ego. Ou sentir outra coisa ou sentir coisa alguma.
Idem
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