toda nuvem é também um teto
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| foto de Lorena Ely |
A cidade é viva, mas não viva como nós seres humanos. A cidade não tem medo, emprego, pulmões, genitálias, vontade ou boletos para pagar – a cidade sequer precisa de propósito, roçar de corpos ou psicoterapia. Ainda assim a cidade respira os odores de gente, o vento do norte, o sopro de cansaço, a poluição. Toda cidade pulsa, contrasta com a natureza e escancara sua derrocada para o egoísmo latente na humanidade. Nós crescemos na cidade, mudamos de cidade e no fim das contas é essa estrutura estática, de pedra cinzenta e movimento e barulho que define quem nos tornamos. Ora forma a timidez e ingenuidade do interior, ora forma a inconsequência e falta de pudor das grandes capitais. A cidade é viva e o céu lhe assiste inerte, abstrato, inconsolável.

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