vitamina de afetos liquefeitos ou sobre como eu não sei ser para os outros
Eu não gosto de falar, nunca gostei, ainda assim quando tenho espaço acabo falando demais. Pareço criança. E falo como se colocasse todas as coisas no liquidificador e produzisse uma vitamina confusa e de cor esquisita que pouca gente aceita tomar. Por isso acabo sozinho. Não sei servir o jantar. Não sei cozinhar para muitos. Não sei fingir que me preocupo em prestar atenção na novela que brota da sua TV Qled de 44 polegadas. Nem acho que seja o fim do mundo seus quilos a menos, a mais, ou os fios quebrados no seu cabelo. Pareço indiferente, mas é que eu reparo nos gestos. Toda beleza, gostosura, todo o estilo, o corpo firme, o sexo quente, tudo é efêmero. No fim, depois de velhos e dilacerados sobra a memória do afeto. Sobram os gestos. Essa parte tonta que a gente quer acreditar que justifica. Mas não sou bom em justificar. Eu não sou bom em nada. Talvez nem isso.
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