de quando eu ainda pensava em sumir
Sempre achei estranha a comemoração das glórias da juventude, como se o período de tempo que denominamos vida se resumisse a ela. Não que jovens realmente não possam conquistar coisas, mas sim que celebrar estas tais glórias faz mais sentido quando já se encontra no leito de morte, afinal, ali já não resta nada além do que se gabar das boas escolhas que fez no passado. No fim é isso fornece a ilusão de paz, conforto, uma aceitação de que deu o seu melhor e que o beijo da morte não encerra tudo assim, como se fosse pueril. Mas vejo essa necessidade como incompatível com a juventude, onde o querer mais é sempre mais importante que o que já tenho.
Enfim, nem sei por que isso me afeta, não tive muitos meios para conquistar qualquer coisa que fosse, ainda mais sendo jovem. Não faltou amor e dedicação, mas pesou a falta de dinheiro e saúde, pilares de quem costuma ter dois doutorados antes dos 30. Até houve um tempo em que imaginava um futuro para perseguir obsessivamente e mostrar a todos que eu podia não ter nada mais ainda podia ter e ser seja lá o que fosse. No fim das contas ninguém pôde, principalmente quando fui eu. O cérebro humano evoluiu para o auto engano.
Hoje querer comprar uma máquina de lavar é o máximo de futuro que consigo ter em mente. E apesar de tudo, prefiro esse eu de agora. Minhas conquistas? Meus amigos e uma boa ideia vez ou outra. É que não esperando nada eu aproveito melhor o que vocês tem e não o que querem mostrar que o mundo lhes deu. Se espero que me olhem da mesma forma? Jamais. Minha única expectativa são os três minutos na embalagem de macarrão instantâneo que acabei de jogar fora. E talvez a grande glória seja essa, não esperar nada e sorrir com quase qualquer coisa. Esperar de mim e não o que me exige o mundo.

Mas e o bebezinho Olga?
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