a menor parte de tudo que realmente importa
O tempo é precioso, e sua preciosidade consiste em quanto ele é amoral. O tempo nos traz a decadência, mas também nos traz a paciência. Quando a urgência adolescente finda, temos a oportunidade de lidar com o tempo nos equilibrando entre o peso da obrigação, o desejo de um amanhã e a necessidade de paz. Uma xícara de café, uma casa bem limpa, um abraço amigo e um sexo sem a necessidade de exposição. A prioridade deixa de ser o grande e se torna o banal. As pequenas e poucas coisas, a viagem de vez em quando, o dormir em paz. Envelhecer não é somente ir de encontro a morte mas também aceitar que, guardadas as proporções, nossa pequenês reflete o que é a vida bem vivida: saber somar coisas boas porém ínfimas num aglomerado de prazeres maiores para guardar na memória. E a memória é associativa, nos diz a neurociência. Cabe a nós mesmos a qualidade dessas ligações. Um abraço também pode ser um nó, mas um nó pode ser um enfeite numa carta e não uma amarra em uma prisão. Viver é pequeno.

Comentários
Postar um comentário