quando um carro dança e a morte vê


pensava no que faria em montes claros, sentia saudades dos amigos, então quando o carro girou eu nem me dei conta do ocorrido. durou segundos, mas passou na minha frente um micro filme da minha vida, triste e tedioso. não gritei, não tive tempo e o medo logo em seguida deu lugar a organização mental. assisti do carro e tomei dimensão do estrago, respirei aliviado e agradeci pelas vantagens de estar medicado. a vida é frágil, eu sou frágil, todos somos. a única certeza é a de que deus não estava ali, estavam as pessoas, as circunstâncias e eu. não era o diabo no volante, a estrada não era uma tentação e a chuva não tem culpa de nada. e a vida é indiferente, talvez por isso o meu primeiro ato tenha sido riscar em carvão uma homenagem-deboche para satanás. seja tragédia ou não, o importante é rir da vida, é rir sempre. é o que a piada do absurdo exige. 

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