seria jasão e os seus "tristonautas"?
Não disponho de grande contentamento, nem de alegria efusiva. Sou tímido, quieto, contido, quase não consigo gritar. Fui forjado nas auguras, por uma necessidade de sobrevivência maior que o peso dos meus ossos. Precisei ser forte quando necessitava de uma abraço, aprendi a viver sozinho quando mais precisei da segurança de um bando, precisei ser grande quando só conhecia a pequeneza - essa pequeneza que carrego em cada afeto meu. E quando saí da condição miserável, soube que lidaria com a angústia até o fim dos meus dias, mas sem o devido pesar. E ainda assim, não me tornei um homem frio, ou rancoroso, apenas diletante, um tanto alheio, que pouco se comove mas que também chora. Como quem sabe que as coisas não são ou podem ser eternas, mas que as apostas diferem delas. E toda a nossa vida é uma forma de aposta.
Não faço o tipo das grandes alegrias e comemorações, não sei sorrir por mais de minutos e nem me entregar a esperança infundada. Mas os detalhes, os pequenos detalhes do dia - a folha seca intacta, o café bem coado, o céu azul e suas nuvens generosas, a mensagem carinhosa de um amigo, as cores fortes num desenho infante, a brisa fria, os sinais de chuva, o cachorro - todos me fazem um homem contente. Uma pessoa que não quer mais que a paz que a própria vida pode oferecer. Quem aponta o dedo a si mesmo e diz que nem toda luta deve ser travada, e que as vezes um abraço, um simples e terno abraço é o suficiente para sermos salvos. De certa forma, minha vida é uma festa de todas as coisas mínimas, e apesar de todas as outras coisas, eu gosto assim. Longe de todas as coisas que não me cabem.

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