emil cioran

Edward Hopper, A Woman in the Sun

não tenho força de vontade, sabe. não persigo sonhos, não preciso viajar pelo mundo para crescer como ser humano, não preciso lutar por uma bandeira ou ideologia, não professo fés ou religiões, e creio que quanto as necessidades de luta, me limito ao empenho natural em me alimentar, me hidratar e, eventualmente, desejar sexo - que são as questões básicas essenciais para a manutenção da sobrevivência. e acredito que por mais que me considere um cético empirista, sou essencialmente niilista, tudo em decorrência de alguns péssimos anos tomado pelas dores do mundo. restou em mim um corpo, uma carne que não sofre, mas muito menos é feliz. a não ser nesse conceito próprio e restrito que nomeei felicidade: a paz que vem do silêncio e nada mais que ela.