sobre habilidades sociais, fracasso, expectativa, perfis profissionais e flerte

eu sou todo fudido, sabe. eu aprendi a flertar só depois de adulto, e nem por isso flerto direito, pois foi aquela aprendizagem bem capenga e solitária, por tentativa e erro [muito erro e quase nenhum êxito, na verdade]. é que na adolescência, a melhor fase da vida para se desenvolver essas habilidades, estive muito ocupado fugindo de brigas, sobrevivendo a abusos e acusações estapafúrdias tanto de gente cristã e louca quanto desse pessoalzinho colorido e rico de esquerda.

bem verdade, a vida não era generosa comigo.
tanto que muitas pessoas levam foras o tempo todo, algumas outras ouvem umas coisas bem rudes no processo, mas comigo qualquer defeito ou negação vinha acompanhado de um dossiê dos meus fracassos. e os adjetivos eram ótimos e super positivos.
"é inteligente, mas é feio, esquisito, magrelo (hoje é gordão), tímido, solitário, triste demais"
"como assim eu ficaria com esse lixo? ele é doido, olha só"
"sério que você anda com esse rapaz?"
"não vou mais andar com você, todo mundo olha feio pra gente"
então não podia ser só sim ou não, sabe? era sempre NÃO, SEU LIXO HUMANO ou até quando rolava um sim ele vinha seguido de MAS SÓ SE FOR ESCONDIDO. então aprendi tudo errado, chegando ao ponto de não aprender quase nada.

até hoje prefiro que puxem conversa, que procurem um interesse comum, pois de resto nem sinto falta. passei tempo demais com minhas coisas, então agora eu vejo a space x pousando um foguete numa balsa no mar e CARALHO, QUE COISA MANEIRA, TODO MUNDO DEVERIA SABER DISSO só que todo mundo não quer saber, então fico feliz sozinho. não estrago o momento. e quando a gente aprende a se contentar com o pouco que absorve de positivo na rotina do dia-a-dia, essa coisa de ser popular na balada, sair de casa todo fim de semana e ficar empolgado em visitar familiar que mora fora fica totalmente ausente da lista de 100 prioridades.

até gosto de abraço, de beijo e de transo. o que não gosto é do imenso esforço emocional empregado em conseguir tudo isso. que inclusive recomendo, cês tem mais é que empreender esforço emocional mesmo, se divertir, ganhar uma casca dura. o que cês não tem é o direito de achar que eu sou derrotado por pular fora. como eu não tenho direito de ficar pregando castidade para quem curte descer até o chão [mas em que porra de universo possível eu pregaria castidade? péssimo exemplo].

ah, e também tem esse lance besta de AIN ELE CURTE METAL PESADO DO CAPETA, UMAS JAPONESA BERRANDO ÇATAN E QUERIA COLECIONAR FACAS, AIN ELE NÃO TEM PERFIL DE PSICÓLOGO que é o mais caricato sobre mim, mas com esse eu lido mandando tomar no cu e apresentando resultados. até porque mesmo quem aponta o dedo para dizer isso não pode negar que eu já li mais livros que a maioria dos meus professores, então foda-se seu perfil ou lobby profissional. freud não explica nem a porra do meu desapego.

então vai dando um passo por vez que um dia você chega, tio. um. dia. ou talvez nunca. só não desiste sem tentar [nessa parte aqui eu minto ou não para mim mesmo].

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