suficiente ou quase
Trocaria meus rins por um dia sem calor, por uma vida sem
essa angústia de estar ou não falhando sob critérios gerais que nunca foram
meus, mas viver é um trauma na medida em que é um acidente. Se não existisse a
diversão seríamos todos suicidas, e mesmo com ela, as vezes, o cansaço é bem
maior que a disposição de tentar. O ambiente nunca ajuda. Hoje em dia eu sinto
a tristeza áspera como a terra arenosa no processo de desertificação norte
mineiro. Hoje sinto o medo sem gosto, se esfarelando na boca feito maçã
estragada com textura de isopor. Nunca mais senti euforia e nem a necessidade
de falar sobre amor, de dedicar contos e poesias que eram pagos com traumas
psicológicos. No fim das contas a minha pior versão de hoje é melhor que a
melhor versão de anos atrás. É que o tempo foi seguindo enquanto fui aprendendo
o que fazer com ele mesmo quando só pode ser nada. Não vejo coisa alguma do amanhã
que está na minha frente, mas sei que posso passar um café hoje e inventar um
tanto de paz. Isso importa. O tédio importa. Perder tempo mais ainda.

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