24.03.24



Nasci. E guardadas as proporções, não estive consciente no momento mais grandioso da minha vida. Dizem que foi às seis e trinta da manhã de um dia 25 de agosto no ano 1990. Foi tudo tranquilo, mal chorei, e os boatos falam que já tinha esse olhar morto que carrego pela vida.

Tropecei uma centena de milhares de vezes, fiz um punhado de bons amigos e muitos outros que julguei bons mas não eram. Cheguei a amar, mas não recomendo. E apesar de tudo consegui concluir a faculdade que gostaria. Pensava nisso quando adolescente, mas hoje já não quero mais. Foram anos difíceis.

Pensei em tirar minha vida uma centena de vocês. Cheguei a juntar dinheiro para ter uma arma, mas nunca comprei. Me despedi dos amigos dez vezes sem que soubessem que era uma despedida. Fiz planos mirabolantes, fui pego, fiz outros e ninguém soube, mas não fui adiante. Hoje não penso mais.

Tenho 33 anos, nenhum emprego e um currículo de dificuldades. Não nego que no momento me sinto a mais inútil das pessoas. Não tenho perspectivas e as vezes isso dói. Tive que voltar para casa e depender da minha Mãe. Isso me incomoda. Sinto que meu corpo não tem um coração e venho alimentando um buraco no peito. Não penso mais em morrer.

Nos últimos dias tive três crises ansiosas, sozinho, não pedi ajuda, mas até que me virei bem. Me tornei bom em me salvar do desespero. Às vezes acontece mesmo sem querer. Tenho tentado estudar e desejar alguma coisa na vida, mas nada do que tento é suficiente, continuo me sentindo idiota com essas falhas e lapsos de memória. Não consigo confiar no estado e as vezes duvido de que continuo são. Mas continuo passando meus cafés, rabiscando meus papéis e escrevendo esses textos ruins. Seguirei.

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