todo mundo tem sua solidão desejável


Quase todo mundo faz odes a vida humana em sociedade e a sociabilização e seus benefícios diretos e indiretos, vivem com frases de efeito sobre como o individual não importa e somente a experiência coletiva é dotada de valor, mas ao mesmo tempo se tivessem recursos e não existissem obrigações externas limitando seus planos, teriam tudo que precisam em casa e sairiam muito raramente. Inclusive grande parte dos intelectuais de esquerda adeptos do "não importa o indivíduo mas somente a coletividade" são bastante reclusos e nada presentes na experiência das comunidades, principalmente aquelas mais pobres onde a opção do isolamento voluntário das partes inexista devido ao pertencimento e valor de grupo ser medido pela contribuição material advinda do trabalho braçal e não da pretensa intelectualidade de uns e outros.

Isso invalida seus trabalhos e argumentos acadêmicos? Não necessariamente, já que o trabalho intelectual existe e deve existir independente e além dessas características, estando o valor de uma observação em quanto ela condiz com um fenômeno observável com acuidade e não em como o observador se mistura ou não naquela multidão - mas que é de certa forma engraçado, isso é. No fim das contas todo ser humano só quer dispor de recursos para ser deixado em paz e cada vez mais desatrelado das obrigações da experiência em sociedade. Nesse contexto a misantropia não é um mero descritor de um dado comportamento específico e estatisticamente raro, mas algo tão intrínseco a nossa natureza de animais empáticos aos grupos de interesse e hostis e violentos com os grupos estranhos um objetivo cravado na ontogênese da nossa cognição.

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