cabeça grande com umas titiquinhas ou sigo à sê um só
Carreguei a mágia po vinte anos. Limpei, alimentei, comprei roupa e até dei um nome. Levava para passear dia sim e dia não. Ficava por aí magoado, perambulando com choro à tira colo feito coitado esquisito de dar dó. Só que eu não ouvia um "tadinho", talvez porque nunca fui muito branco, quando diziam alguma coisa era "vagabundo!", "viado!", "macaco!", "coitado!" e alguém tentando me convencer a limpar um quintal enorme só cobrando almoço dormido e água. As vezes era justamente a mágoa que me puxava pelo braço e me salvava de ser besta, bonzinho, ouvido de pinico, mão de obra barata, um maxixe humano. Só que agora a mágoa foi embora e o alguém que me puxa é a solidão. Só que é só a solidão boa de quando a gente não precisa do outro quanto está à toa e aproveita o café, o bolo, o filme, a rua, o chimarrão, a chuva, a música, o texto, o pêlo e até o cuspe. Mas quem te puxa para longe é interno e quem te joga na lama é multidão.
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