sobre os karmas solitários de um homem triste (ou um café numa cama suja com albert camus)

 


O ideal é não nascer, mas tendo nascido é preciso aceitar a tragédia. Há sempre os que vão rir de nossas roupas, zombar de nossas quedas, chorar com nossos risos, cobrar as economias que nem temos e nos fazer culpados por não termos feito nada num dia de verão. 

O ideal é não derramar lágrimas, mas tendo chorado é preciso secar os olhos. Há sempre a dor, a tragédio e o sofrimento, diria que são os componentes majoritários da vida. Viver é sofrer e buscar compensação.

O ideal é não falhar, mas tendo falhado é preciso imaginar um Sísifo feliz. É preciso se embriagar de significados e significantes. Nadar nesse mar de vazio enquanto imagina cores e pontes que te salvem de se tornar um suicida.

O ideal não é a dor nem o desejo, nem a alegria ou a ânsia do beijo de quem ama e não ama de volta. Falhando a expectativa, resta o resignar-se, o tornar-se envolto de culpa, fé, carência e propósito ainda que nada disso seja, em termos técnicos, plenamente material. Viver é iludir-se com vontade. 

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