um dia e outro

Não sei se dá para viver sem sonhar com o futuro já que tem tanta gente o tempo todo fazendo venda casada de sonhos, sucesso, dinheiro, família e Deus. E geralmente a cultura ignora que toda essa gente vendendo esteja feliz, eles próprios ignoram. Então fica essa coisa caricata e sem carisma, esse sentimento de não pertencimento a esse mundo de bobos entusiasmados. Enfim, votei no Lula, não suporto fascismo e burrice. Só não achem que isso faz com que eu pertença ao mesmo bando que vocês pois já não me resta paixão alguma que não seja meus cachorros e meu café. Não pertenço a bando algum, sou sozinho e largado e é até bom que seja assim, sabe? Gosto de olhar de fora tanto quanto gosto de passear por dentro. Não sei mesmo se dá para viver sem fazer o mínimo necessário para diminuir um pouco o mal que nos cerca, o cheiro de cuecas sujas de velhos pastores militares suados. O que sei é que o presente é um ato e só posso tentar agora. Todo o resto é teoria e meu prato não se enche com sinalização de virtude. O grão que me alimenta vem de quem tem as mãos tão sujas de poeira quantos as minhas. Só assim que a gente pode almoçar. A gente come o que pode esperando que no outro dia fique melhor. As vezes vai.