quinze horas e vinte e seis minutos, trinta e seis graus celsius e nenhuma nuvem no céu

 


Já quis muitas coisas da vida, uma namorada peituda em quem repousar a cabeça, ser reconhecido no  meu trabalho, ganhar o suficiente para sempre ter os Iphones e Samsung Galaxy só para me divertir com as novidades, uma casa própria com um quintal de árvores frutíferas e visitar os amigos geograficamente distantes duas vezes ao ano. Não acho que isso é muito, mas na medida em que fui descobrindo quem sou a depressão foi me roubando essa coisa de querer. Não que nesse momento em que escrevo esse texto esteja desesperado por não vislumbrar o futuro, acho que é o oposto, me sinto confortável em não desejar pois talvez assim eu não acabe fazendo escolhas precipitadas. Tenho acordado com sono apesar da medicação e não sei quando vou voltar a ver a psiquiatra, mas me sinto seguro por não desabar em desespero quando as coisas fogem do controle como acontecia anos atrás. Estou olhando para as minhas cachorras e pensando que as coisas preciosas que tenho hoje não foram as que quis e busquei, mas as que fui encontrando pelo caminho. Quase que por tropeços. Talvez até não tenha nada de muito errado com esse meu jeito de viver. Um observador atento mas disperso. 

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