o egoísta convicto


retomando as letras minúsculas, o todo não me importa, gosto mesmo dos detalhes. a curva dos seus lábios enquanto sorri me diz mais que o riso de dez milhões de pessoas. as patas cruzadas dos meus cães enquanto dormem me dizem mais que cem mil cães adormecidos. a informalidade de um aceno carinhoso me diz mais que a promessa populista de um carinho em todos. o eu e sua circunstância são mais profundos e significantes que a identidade coletiva e a identificação nacionalista. o ímpeto egoísta que move o altruísmo solitário é mais significativo que o altruísmo da fé ideológica que prega o bem-em-troca-de-nada, como se fossemos todos movidos a boa intenção. o nosso café em frente a tv, aquela vez em que cozinhamos bolo de milho e proteína de soja texturizada, ou o dia em que recostou a cabeça em meus ombros numa noite estrelada me dizem mais que a queda da bastilha ou a invasão da normandia. o eu é próximo, o todo é distante. eu sou egoísta, informalmente egoísta, mas egoísta até nas formalidades.

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