sem coração ou o ar

Eu nunca vi a luz no fim do túnel. Eu vejo na pedra que impede a passagem. Não se vê a saída quando a entrada lhe é negada desde o início. Todos os dias via deus mover a pedra e entrar sozinho, muito raramente com alguns dos seus. Talvez fosse até o diabo, talvez pagassem ingresso. Verdade é que assistia tudo enquanto brincava com pedras e as outras crianças zombavam de mim. Não sei se cresci, não sei se senti, mas o que sinto agora me faz não querer sentir mais nada. Talvez só o vento ou essa garoa fina que no momento acaricia meu rosto. Enfim, no fim do dia eu rezo crente que o meu coração secou. É que assim, enfim, eu viveria em paz. E em paz a pedra, a entrada, o túnel, deus e a luz não me dizem nada. Nem mesmo aquelas crianças ainda sou capaz de ouvir. Algo foi quebrado.