por detrás da mesa do trabalho onde um duende cinza se alimenta do meu coração
Ninguém escolhe a vida que leva. Vida é circunstância e consequência. Um dia eu olhei profundamente o abismo e quando ele me olhou de volta convidei para um drink. Desde então sou eu e o abismo ouvindo música e tomando cerveja. E as vezes eu vendo e compro uns trecos, pão, amor, afeto, ração para cachorro, macarrão instantãneo e arroz. Somos feitos de carne, muco, limo, ossos e porcaria, muita porcaria, um ser humano fastfood. Talvez por isso a poesia seja chata e rasteira, besteira fútil em post it em universidade pública. E que me desculpem os românticos, mas tudo que vejo é cinza e o meu coração está secando. Minhas lágrimas, hoje, pesam mais que chumbo. Eu estou triste e o antidepressivo não nega. Sou eu, o abismo, a solidão, o eterno retorno, uma lata de coca cola gelada e mais nada. E ainda sim é mais do que tudo que muita gente tem. Nada. O abismo sorri.

Comentários
Postar um comentário