sobre os doritos que me atormentam num pós-carnaval
Duas coisas me atormentam desde sempre, a depressão e a burrice. A depressão pelo histórico com a doença, e também por ter me formado psicólogo. A burrice pela limitação que ela impõem, também pelos danos que ela provoca no mundo. Uma informação burra afasta as pessoas da verdade, e quando a verdade está nublada, ninguém sabe diferenciar o que é "self" do que é "mundo". Assim as pessoas ficam desesperadas, se afundam em drogas, abraçam seus problemas como características de sua identidade e nadam não na direção da praia, mas do precipício. O precipício é chique, libertário, empoderador. Por isso as pessoas se isolam, abandonam os amigos, fogem de procurar ajuda real e se entorpecem de psicotrópicos, sorrisos falsos e popularidade. As pessoas morrem sorrindo, como suicidas que nunca souberam bem o que era estar bem ou estar triste. E apesar de não ser popular, eu era assim e por isso me atormenta. Não pelo medo de ser um deles, mas por saber que muitos deles vão embora por burrice, que muito poderia ser feito, não somente palavras, correntes de oração e textos de ativismo na internet. A depressão é agravada pela burrice, e a burrice, ela nunca esteve tão na moda. A inteligência se tornou opressiva. Por isso não vemos os que querem partir, parece que todos queremos ir, mesmo os que ficam.
Isso é tão burro.
Isso é tão burro.

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