não cultivo jardins, não escrevo cartas
O amor me foi sempre um tipo de catarse, uma droga que rebaixou minha consciência muito mais que qualquer tipo de maconha, tédio ou dor entorpecente. Lembro que quando voltei de Ipatinga, sentia a mesma empolgação de uma criança prestes a ganhar um jogo novo, e que quando estava com a moça de Montes Claros, sentia que o tempo não importava, e que até a vida indiferente parava para que eu pudesse me consertar.
Verdade é que sempre fui refém de uma empolgação desmedida, repetitiva, contrastando com minha ansiedade. E que no percurso da vida, não aprendi o necessário para dar prosseguimento as conveniências humanas, as relações intensas e seus chistes variados. Meu coração é um relógio quebrado. Por isso paro no tempo, desisto ou considero as mil possibilidades, e então quando volto funcionar, percebo que o que tenho distoa totalmente do que queria ter, e o que queria, vez ou outra, não importa mais.
Não acredito em carma, mas de tão lúdico e estrambólico -trocando preces por porcos- acabo perdido na necessidade da minha sensação preferida: Não sentir coisa alguma, ao mesmo tempo, não abrir mão de nenhuma gota de dor. Descobri-me um masoquista. De coração.

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