coitado, tem sobrepeso
essa cidade é de deus, diz um muro
mas prefiro pensar que é do tinhoso, diabo
como tudo que a cultura desgosta.
admiro a vida daquela amiga querida
que, mesmo indisposta,
sobe cansada a rua tamandaré,
e ainda que pragueje,
corre o dia igual água de rio
-ela flui.
já eu, eu não corro
nem quando consigo, ou rolando
e acho que enquanto isso
um padre na tv me diz que tudo é
de quem dá tudo ao senhor.
mas então por que diabos as prostitutas não tem nada?
ou muito pouco, enfim
acho que até certo ponto toda vida tem miséria.
ok, eu sei que não sou muito sábio
e que tem dias em que o peso do meu corpo,
meu macio, roliço e gorduroso corpo
pesa bem menos que meu desgosto
minha preguiça, desânimo, coragem, fé
ou qualquer coisa
desalinhada e torta, desse tipo.
um tipo de moço,
meio deformado e espaçoso
como quem tece flores de crochê
sempre com linhas feias, baratas,
e sempre em tom pastel,
sem graça
como tem que ser.
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