há um circo que passa pela cidade

Three Studies for George Dyer, Francis Bacon, 1964.

estou trancado no quarto na minha cabeça. vivendo entre William S. Burroughs e Omar A. Rodriguez-Lopez. queria que a vida me sorrisse mais vezes, ou melhor, que eu soubesse aproveitar quando ela pudesse sorrir. como sempre, são muitas referências. como nunca, todas essas coisas agora compõem uma só. estou velho demais para ser menino e jovem demais para ser velho. e esse meio termo e avulso é o que compõem meus versos. sou uma criança retardada no mais banal dos relacionamentos, também sou um velho crítico com as ideias mais banais. por isso vivo singular, na pior das impressões que esse termo pode evocar. nos últimos dias fui incomodado por um maldito resfriado, e enquanto entupo o nariz de sorine, todas as coisas me parecem efêmeras. tudo se resume ao maldito café na xícara, ao maldito sorriso na boca das moças da rua, nas malditas sequelas que zombam de mim. e é por isso, querida, que eu morro todos os dias, que eu volto na insistência de recolher os cacos e me construir cada vez mais eu. sou, ou melhor me sinto como um galho torto e quebradiço que segura uma parede prestes a ruir. então sinto a vida pulsando forte. com toda força do mundo. ora sou fraco e a parede desaba, ora sou forte e tantos sobem em mim. e sempre.

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