tudo recomeça de algum lugar
Andei perdido desde que Lúcia se fora. Andava pela casa meio tonto, discutindo com as vozes da cabeça e pensando em fazer besteira. Não me restara muito de nós, apenas um velho fogão, uma geladeira vermelha antiga, uma mesa, duas cadeiras e alguns pratos e xícaras onde tomávamos café. Mas tudo bem, enquanto pudesse receber um amigo e servir um café tudo ficaria bem. Só que a tristeza tem esse efeito sobre a mente e quando o amor quebra a gente quebra junto e se esquece da vida, das nuvens, das pessoas queridas e até do banho. É difícil gostar de si.
Mês passado ela me escreveu, devolveu um livro que disse ter levado embora sem querer e me desejou boa sorte na vida. Sorte é justamente o que a gente precisa. Sorte e paciência. Sorte para que algo bom aconteça e paciência para que a tristeza passe. Um café ajuda. Um abraço ou dois é força motriz para um continuar. A vida é isso. Ela me disse o que precisava ouvir.
As vezes a gente quebra, cola os caquinhos com zelo e até que fica mais bonito, mas esse tipo de coisa não deriva da pressa ainda que o mundo nos force a correr com tudo. Tudo no seu tempo é sempre um tempo que se pode dar. Ninguém mais pode.
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