Construção / Sobre como eu aprendo as coisas

Conheci o mundo pelas telas, começando pela TV problemática até as horas gastas perdido em nulidades na internet. Por muitos anos meus terapeutas foram os livros, também meus melhores amigos, ainda assim me considero sortudo por ter chegado até aqui respirando. Foram anos difíceis, muito difíceis, mas de dificuldades tão invisíveis que só conhecia o fracasso ao qual fui condenado pela maioria de votos. Não haviam chances para mim e eu só pensava em morrer. Não que hoje eu tenha um grande apego pela vida, mas no meu mundo de esquisitices pessoais existe paz. Paz e paciência para aprender e errar. 
A paciência, a famosa virtude dos impotentes mas também escola para os que carregam o fardo de uma existência solitária - só que existir solitário não é e nem pode ser sinônimo de infelicidade constante. Existe paz nas conversas trocadas com amigos, nos bons livros, na música e nos filmes dos mais bobos até aqueles que ninguém entende caso não tenha lido Nietzsche, Freud, Mao Tse ou Heidegger. Eu li todos mas só Camus me ajudou a salvar minha própria vida me apresentando ao Sísifo que não sei se pode ou está feliz, mas escolho acreditar que sim. Se tenho que acreditar em algo, não desejo que seja em outra coisa.
A tristeza não é uma prisão, nem mesmo o autismo, por isso esqueci essa coisa sobre filosofias elaboradas para se tirar a própria vida, mas também rejeitando esse otimismo plástico, falso, vazio feito misticismo branco de Nova Era. Eu não faço parte disso, e daquilo que faço parte só eu sei. Quando penso em quem quero ser, fecho os olhos e vejo uma nuvem senciente contente por flutuar por aí, sem propósito algum.

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