pedaço de calendário
Dia 02 de junho, nada de novo no front, a vida segue a mesma como se a realidade fosse mera repetição dos mesmos acasos. Hoje acordei mais tarde, tem festa na cidade e não quis desrespeitar o sono de quem dançou até a madrugada. Agora passo o mesmo café, cumprimento e depois alimento as mesmas cachorras, escovo os mesmos dentes tortos e amarelados, vejo o mesmo rosto cansado no espelho. Os cabelos brancos, as rugas e as marcas não mudam o "eu", que é essa parte abstrata que flutua no nada e se chama consciência, efeito colateral do telencéfalo superdesenvolvido e consequência de uma existência complexa limitada a contingências variadas. Sigo sendo até que a carne apodreça. É bom que seja assim. Os velhos rostos que amo seguem sendo familiares.
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