um não amável
O amor é um acidente de percurso de um trem descarrilhado chamado desejo. E acerta com força te jogando contra um muro, uma loja de tabaco ou uma sorveteria. Nas três você pode morrer, mas num dia quente a terceira é uma ótima opção. Em todas as vezes que amei começou como um picolé de cereja bem docinho; mas quando terminou o único sabor distinguível era o de fezes de rato. Não sei se é assim com todo mundo, mas é melhor não confiar nas videntes, elas te cobram caro pelas promessas falsas e não pelos dons de premonição. Isso nem existe. É que todo vidente é um psicólogo ruim e todo psicólogo ruim tem pretensões sobrenaturais. Mas se eu beijasse aquela coisa pequena, tão pequena e bonita, talvez por um instante eu pudesse ser feliz. Mas antes que o trem me acertasse, somente, já que sempre tive o azar de sobreviver até quando jogado contra o muro, enfim. Amor é sorte, uma velha casa de apostas em que os dados somos nós. E até os dados podem ser tristes.
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