memórias minúsculas
passei em sonho pela mesma escada em que costumávamos jogar cartas e conversar sobre garotas. sua mãe idosa servia sempre o mesmo café aguado e doce com um pão na chapa em um prato florido de alumínio. seus gatos cruzavam a sala em alta velocidade e eu ria dos berros do seu pai que os queria fora de casa. seu irmão deve ter os mesmos tiques e manias detestáveis até os dias hoje, suponho, mas nem imagino o que houve com seus avós. à essa altura do campeonato você já deve ter filhos, sei que se casou. eu segui adiante, a vida seguiu adiante. amigos se tornam estranhos e tudo bem com isso, afinal, ninguém permanece igual ao longo do tempo. parafraseando um filósofo grego, não se joga bola duas vezes numa mesma rua, a rua é sempre outra rua e nós nunca somos os mesmos. o tempo é sóbrio.
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