fora os lados eu não cresci tanto assim
Não me acho a melhor pessoa para falar sobre isso, afinal, até então eu quase sempre tenho sido um desastre nessa coisa de amor. No meu mundo ideal a vida manteria os amigos por perto, muito perto, e entre casamentos, filhos, família, emprego e dívidas restaria algum tempo para uma cerveja, um churrasco, uma viagem a cada dois anos ou qualquer coisa que não fosse nostalgia de um passado que a gente já nem lembra se realmente foi daquele jeito. Enfim, a vida não sobre o que quer ou o que deveria, supostamente. A vida é sobre nada e a gente tem que inventar uma razão que justifique continuar mastigando o vidro. Certa vez acordei com um religioso aos gritos afirmando que a verdadeira liberdade é a prisão ao lado de Deus. Um deus que pelo visto não combate os charlatães e tanto faz o que eles fazem. Ouvi numa música que nossas cicatrizes são coadjuvantes, não, melhor, figurantes que nem deveriam estar aqui, mas disso eu também discordo. Nossas cicatrizes não nos definem, mas contam nossas histórias. E minha história é continuar menino enquanto as coisas passam, os amigos se mudam, as pessoas se reproduzem, os animais morrem e a gente acumula memórias que nos explicam o caminho traçado até aqui. Ok, talvez eu seja uma boa pessoa para falar sobre isso sim. Nada ensina tão bem a importância do amor quanto esse tal de sofrimento.

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