a liberdade


Sonhei que num banho minha pele se soltava da carne e minhas veias começavam a romper em sangue até que só me restassem ossos. O medo e o desespero comuns a uma situação tão peculiar davam lugar a conformidade. E enquanto gritava de desespero, num instante, num mísero instante me vi no espelho a sorrir. E o sangue, vermelho escuro, girava em direção ao ralo que acumulava algo que pareciam pedaços e ali eu via a figura de deus. O deus-carne vivo. O verdadeiro ego fugindo desesperado de um corpo tão patético desse homem sem ambições que me tornei. E ali, naquele sonho, ali eu vi o cerne de quem sou. No fim, no fim eu sou feliz, mas o sangue a carne sempre voltam. E eu acordo. E estou aqui.

Comentários

Postagens mais visitadas