meus valores; ou como sobrevivi a dois mil e dezessete. a vida


Gosto de Clube da Luta, niilismo, satanismo de LaVey, minimalismo, esquisitice, e creio que tomar contato com tudo isso na adolescência tenha me moldado para o resto da vida. Eu não consigo me ver como produto, emprego, profissão, são coisas em que preciso atuar para ter algum sucesso. Não vejo sentido em muitas coisas, mas ao invés de desespero, sinto-me encantado pela possibilidade de atribuir meus próprios valores a tudo, como se viver fosse sempre descobrir, ainda que a beira da morte. E também sou meu próprio deus, não num sentido teológico, mas aquele que olha por mim quando ninguém mais olha, sendo aqui onde aprendi a nunca avançar sexualmente contra alguém, a respeitar o espaço alheio, a nunca dar a outra face como se fosse um mártir. Eu gosto das coisas pequenas, sabe? Do mínimo. Uso a mesma calça a cinco anos, usei o mesmo par de all stars dos quinze aos vinte e cinco, uma planta no centro de uma sala vazia já me faz sentir em casa. Não vejo nada tão relevante em mim ou em estar vivo, e é isso que me anima a explorar, a ruminar, a olhar para as coisas humanas como coisas humanas e não como preciosidades. Sucesso? Isso não pertence a quem vive fora da norma, pois sucesso não é mais que a ilusão de satisfação plena, como a que projetamos nos deuses que inventamos para justificar a falta de amor próprio que não conseguimos ter. A vida, aos meus olhos, só é boa se for tratada como vida, assim, sem valor rígido, mágico, transcendental. Não há maniqueísmo que explique a realidade, ela se explica no contato, e o contato permite a clareza por si só, bastando curiosidade. Enfim, o meu universo sou eu, e gosto de pensar que ainda que rejeitem a ideia, todo mundo é assim. O vazio que me traz paz. Prefiro o que é diletante.

Comentários

Postagens mais visitadas