alma lavada
sempre que chove eu vou para a janela observar a enxurrada, os pingos batendo no vidro, as pessoas correndo e fechando janelas, portas, e com tudo fechado as vezes saio para me molhar. gosto desse ângulo, dessa visão privilegiada onde os problemas do mundo parecem menores que as gotas, ou se resumem em fechar ou não janelas. por isso as calçadas ficam vazias, e com exceção dos carros, não preciso desviar de ninguém, nem cruzar com outras coisas que não o céu nublado, o vento frio e a água lavando meus pés. mas mesmo daqui de dentro, vendo a água saindo de um cano e arrastando alguma sujeira, tudo me parece tranquilo, nada parece doer. como se a vida, tão grande e louvada vida, como se não passasse de chuva passageira.

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